A Catarina dos Santos (voz/pedais/composição), juntam-se Óscar Graça (sintetizadores), Hugo Antunes (baixo elétrico/pedais), Luís Candeias (bateria acústica/electrónica) e André Pinheiro aka Apache (laptop/sampling).
Os textos surgem como que na família do spoken word, e a música é tudo menos convencional, seja na estrutura dos temas como nas referências. Tem momentos de caos, de poema em flow desconexo com a paisagem sonora onde esse se insere, de hip hop, de improvisação na linguagem abrangente do Jazz - é um som que carrega histórias de imigração, de género, de compreensão do que é a identidade. Escrito por uma Portuguesa.
Resumindo, textos de spoken word e um mundo sónico urbano, onde o jazz, o hip hop, e sampling se unem num projeto de composições originais, com aspectos de colagem, manipulação de som, e estruturas fragmentárias criadas ao vivo.
Os textos deste projeto fazem uma cartografia de imigração, uma espécie de diário de bordo sónico do dia a dia em grandes centros urbanos, num acto de afirmação positiva e consciente de questionamento da identidade e seus mecanismos internos e externos de formação.
No fundo, ao quebrar convenções e estilos, Catarina dos Santos assume neste projeto uma visão polimórfica e interseccional da sua identidade Portuguesa, afetada e transformada em muitos anos de vida fora de Portugal. Os poemas são “arte-factos culturais” que espelham um sentir múltiplo, que afirma uma não-identificação com o familiar, com o que oficialmente e na dinâmica social determina o ser português. Esta prática de não-identificação é o começo de uma sabedoria nómada - nomadismo como consciência crítica que resiste acomodar-se a códigos sociais de pensamento e comportamento. Tudo com estruturas em forma de colagem, hip hop, Jazz, e muita criatividade ao vivo. Quebrando barreiras - a MAD NOMAD.